As duas ações mais eficientes para melhorar sua vida financeira
Joseph Juran, engenheiro romeno, foi um cara bem inteligente. Com base em uma série de experimentos e teorias propostos por Vilfried Pareto, ele reconheceu e enunciou o Princípio de Pareto.
Para Juran, grande parte das consequências advém de uma pequena quantidade de causas. Não teria sido nada tão genial se não estivesse presente em tantos lugares:
Sobre riqueza: cerca de 82% da riqueza mundial é controlada por 20% da população;
Sobre segurança no trabalho: 20% dos riscos são responsáveis por 80% dos acidentes;
Sobre desenvolvimento de software: 80% das reclamações ocorrem por conta de 20% dos bugs;
Sobre crimes: 80% dos crimes são cometidos por 20% dos criminosos.
Ao atingirmos um objetivo, temos uma tendência a pensar que “chegamos lá” porque corremos atrás de muitas coisas, colocamos atenção, organizamos, controlamos, esmiuçamos detalhes, atacamos mil frentes e enfim a coisa andou. É verdade em alguns casos, mas na maioria das vezes, se analisarmos com frieza, percebemos que o princípio funciona. Uma parte imensa do nosso sucesso realmente acontece por conta de uma parte pequena dos nossos esforços.
Acompanhando a vida financeira de algumas pessoas, acabo levantando muitas propostas de melhoria, muitos pontos que poderiam ser alterados.
Apesar das possibilidades numerosas, conversando com amigos e ex-clientes e analisando alguns casos de sucesso, caí no Pareto de novo: algumas pequenas mudanças na nossa vida financeira são muito mais poderosas que outras. São elas que impulsionam melhorias significativas de verdade.
Separei duas, que se destacam tanto pela potência quanto pela versatilidade.
1. Automatizar a poupança
Essa é tão eficiente porque pode ser feito na hora. Não envolve nenhuma promessa, nem muita disciplina.
Depois de ter os gastos listados (não precisa ser em uma planilha, nem em um software complexo), escolha um e corte. Essa despesa aconteceria de todo modo, portanto é bem provável que a falta desse dinheiro não vá causar problemas.
Agende uma transferência mensal e recorrente para poupança, no exato valor desse gasto que você poupou. Se você cancelou uma assinatura de revista que custava R$40/mês, agende uma transferência de R$40. Se você trocou o plano de TV por assinatura de R$200 para R$130, agende uma transferência de R$70.
É bem importante que seja feita agora, e não daqui a 15 dias. Não é “se sobrar eu guardo”, é “guardei”. Confiamos demais no nosso eu do futuro. Daqui a 15 dias seremos outras pessoas, com outras prioridades.
Talvez surja a tentação de cortar mais do que um gasto, mas salvo situações de emergência, é melhor cortar um por vez. A gente acha que sabe, mas na verdade temos pouca clareza do quanto cada um dos gastos impacta na nossa qualidade de vida.
Se cortarmos um monte de coisa de uma vez e a vida ficar ruim, vai ser difícil entender o porquê.
2. Sacar seu variável semanal
Com o exercício de planejamento feito, fica fácil calcular qual é nosso gasto variável semanal. Desconsiderando as despesas fixas, é o valor que precisaríamos sacar para passar uma semana. Geralmente inclui gastos com transportes, alimentação, cafés etc.
Esse valor é fundamental. Ter esse número claramente definido já é meio caminho, mas o que me impressionou e se mostrou tremendamente eficiente foi sacar esse valor, andar com ele na carteira, fisicamente. É muito mais difícil se perder dessa forma. “De onde” o dinheiro está saindo influi diretamente na maneira como gastamos.
Gastar no crédito dói menos do que gastar no débito. Gastar no débito dói menos do que gastar em dinheiro.
Não precisa ir muito longe para entender porque isso ocorre. Temos uma aversão muito forte à perda e esse sentimento é enfatizado quando encenamos a logística do dinheiro. O ato de tirá-lo da carteira dói.
É bem fácil de testar essa repulsa, inclusive. Suponha uma aposta de cara ou coroa. Se der cara, você ganha 150 reais, se der coroa você perde 100. Você aceitaria? A grande maioria de nós não toparia, mesmo sabendo que o ganho é muito expressivo (50%), e que as chances de perder e de ganhar são iguais, meio a meio.
Fiz uma rodada da brincadeira com o pessoal do PapodeHomem. Das 5 pessoas que estavam por aqui, só duas topariam. Precisei chegar em 500 de ganho contra 100 de perda para que todos topassem.
Quanto precisariam oferecer para que você se arriscasse a perder 100 reais?
Síndrome do Super-Homem
Nossa atenção é limitada. Percebo isso bem forte em dias mais estressados, intensos. Nesses dias, se vou correr à noite, por exemplo, logo fico impaciente. Não aguento correr, fico com vontade de chegar logo. Quem acaba me parando é minha cabeça, não meu corpo.
Na busca por decretar nossa situação financeira como resolvida, acabamos abraçando mais compromissos do que temos capacidade de atender. É muita mudança ao mesmo tempo. Mesmo as mais inofensivas tomam energia, até que acabamos emocionalmente soterrados e desistimos de todas elas.
Fica mais fácil se implementarmos aos poucos, e melhor ainda se começarmos pelas mudanças que mais geram resultado.
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