Seu planejamento vai falhar e não é o fim do mundo

Numa animação típica de ano novo, daquela que vem junto com a virada de folha do calendário, de carona com a ceia do natal, a gente monta um planejamento. Agora vai! Agora vai!

O ano começa e surge o primeiro imprevisto. Um pequeno tombo na trajetória deste nobre ser.

No mês seguinte, mais dois escorregões, dois fatos que não precisavam estar ali. Chega o mau humor e a frustração. Dias depois, o imprevisto derradeiro, o golpe de misericórdia. Desencanamos do planejamento (quando mais precisávamos dele).

Quão cansados precisamos estar para desencanarmos de uma corrida? Quantos tropeços a gente aguenta antes de chutar o balde? Com quantos "é, eu tinha planejado isso, mas aconteceu aquilo" a gente consegue lidar?

Todos temos um limiar interno.

Ultrapassado esse limiar, chateados com a falta de resultado, com a vida acontecendo e contrariando nossa planilha, nós desistimos, largamos mão. Por vezes, soltamos algo assim, com ares de sabedoria: "Ih, meu filho, não adianta fazer planos, a vida vem e atropela tudo mesmo"

Depois da desistência vem o período de ressaca. Por umas boas semanas seguimos ao léu, até que brota novamente a chama de disposição.

Sentamos, montamos um novo planejamento e o ciclo segue

Te convido a repensar esse fluxo. A constatação ("os imprevistos acontecerão") é coerente, faz completo sentido, mas o desdobramento ("então não adianta planejar"), embora conveniente, é simplista, raso.

Planejamento é feito para ser refeito mil vezes. Ele não deixa de ser útil por carecer de ajustes frequentes.

A ideia de que "planejamento bom é planilha que bate certinho, na vírgula" é uma fantasia

Precisamos aprender a construir planejamentos ponderados, que contemplem margens, espaços para vacilos e, principalmente, metas alcançáveis e realistas. Caso contrário, cada pequeno erro vai trazer consigo um grande sentimento de frustração, uma sensação amarga de incompetência.

No fim do dia, planejar é pensar sobre a nossa própria vida, nossos sonhos, nossos objetivos. Não é pra ser um martírio

Precisaremos de um pouquinho de paciência para lidar com o fato de que as coisas não saíram do jeito que imaginamos que sairiam? Com toda certeza, estamos falando da vida adulta, não de uma comédia romântica.

Mas tudo ficará mais fácil se partirmos de uma base flexível.

Os percalços vão acontecer, a gente vai ficar meio frustrado, vai respirar fundo, renovar os ânimos, corrigir o que precisa ser corrigido, refinar as previsões e seguir.

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Heloísa Sanchez