O pouco que eu sei sobre criar cursos online

Pessoas queridas, este é um texto despretensioso sobre um assunto que eu não entendo grandes coisas, mas achei interessante escrever já que é raro que passe uma semana sem que alguém me peça algum tipo de orientação sobre cursos digitais. Seja porque pretende empacotar certo conhecimento e vender por aí, seja porque cruzou com o Dinheiro Sem Medo ou o Finanças Para Autônomos (os cursos que eu ofereço) e gostou do jeito que eu organizei as coisas.

É bem frequente surgirem perguntas do tipo:

Qual plataforma você utilizou para colocar seus cursos no ar?

Ou:

O que você acha sobre esse curso que ensina a vender cursos?

Ou:

Como você faz para emitir notas fiscais para todos os seus alunos?

Ou:

Quanto você cobraria para me ajudar a colocar meu curso sobre XYZ no ar?

Então este texto é uma pequena resposta a essas pessoas, bem como uma maneira de agradecer a esta maravilhosa coisa chamada internet, por todas os textos e vídeos que foram absurdamente fundamentais para que eu conseguisse colocar o DSM e o FPA no ar de maneira menos sofrida.

Foram dias em que eu almocei e jantei na frente do computador? Sim. Foram umas 15 madrugadas em claro? Foram, mas poderia ser muito pior. Sobrevivemos, os cursos já beneficiaram um bocado de gente (quase 500 alunos), eu já recuperei o sono perdido, me livrei dos quilos adquiridos e estamos aí, tocando a vida.

O básico

A maior parte das pessoas empaca na imensa lista de opções disponíveis hoje. Bom, você pode escolher alguma das plataformas nacionais, que costumam oferecer tudo mastigadinho, em português, e concentram todas as etapas do processo em um produto só, ou pode escolher as plataformas gringas, que por vezes são mais caras, porém entregam soluções mais maduras.

Eu estou usando o termo “solução” porque não é algo tão simples assim. Você precisa de um canal de comunicação com os alunos (geralmente email), precisa de uma página de vendas que descreva seu produto de maneira eficiente e sirva de porta de entrada para sua plataforma de pagamentos, precisa de uma plataforma de pagamentos que faça a mágica acontecer sem te colocar em apuros com a receita federal e precisa de uma plataforma de e-learning mesmo, para que os alunos consigam assistir as aulas de alguma maneira.

Então, resumindo:

  • #1 - canal de comunicação

  • #2 - página de vendas + link com plataforma de pagamento

  • #3 - plataforma de pagamento

  • #4 - plataforma de e-learning

É comum que uma mesma ferramenta cubra diversas etapas desse processo, mas acho que é interessante que você entenda que são coisas bem diferentes.

Como eu fiz?

Por conta da repercussão dos textos, por um bom tempo eu fiquei recebendo ligação das plataformas mais populares, oferecendo suporte, taxas baixas e comentários indignados do tipo:

plataforma: como assim você não quer criar cursos online?

eu: ô, amigo, eu não disse que eu não quero, eu só disse que agora não conseguirei pe…

plataforma: mas você sabe que nosso cliente INSIRA-O-NOME-DE-UM-YOUTUBER-FAMOSO está faturando 6 em 7?

eu: 6 em 7…?

plataforma: sim, seis dígitos em sete dias, R$ 100.000,00 em sete dias

eu: que legal, pessoal, agradeço o cont…

plataforma: nós calculamos que com sua visibilidade e nossa inteligência de marketing você poderia fazer até mais do que isso

eu: muito obrig…

plataforma: vou te enviar uma proposta por email

Tenho todos os pés atrás com o marketing digital sensacionalista que pipoca todos os dias, em todos os lugares, então organizar as coisas de modo que esse discurso meio histérico não contamine a coisa toda foi um grande desafio. Estou contando esse pedacinho porque as soluções que eu escolhi não contemplam os tais afiliados (que são pessoas que vendem produtos dos outros). Atualmente, as pessoas que indicam meus cursos por aí não ganham nada. Nenhum problema com quem trabalha com afiliados, eu literalmente até tenho amigos que são, mas não funciona para mim.

Após uma longa, longa, longa pesquisa, acabei optando pelo Teachable. A proposta me pareceu honesta, o suporte técnico (algo realmente muito importante) é impecável e eles oferecem integrações com a plataforma de pagamentos que eu queria usar.

Acho que esse é um ponto importante do meu relato, já que plataforma escolhida acaba se tornando o centro do seu negócio. A bendita página de vendas fica hospedada lá também. Eu pago 80 dólares por mês e tenho o direito de publicar quantos cursos eu quiser. Não importa o quanto eu fature, para o Teachable eu pago sempre os 80 dólares.

O próprio Teachable oferece uma plataforma de pagamentos (que nada mais é do que uma ferramentazinha para que as pessoas coloquem os respectivos cartões de crédito, para que o dinheiro vá parar, magicamente, na sua conta), porém ela é cara e limitada para quem trabalha em terras brasileiras. A primeira madrugada em claro aconteceu neste ponto, quando eu percebi que só as pessoas que possuíssem cartão de crédito internacional conseguiriam se inscrever.

Deu para resolver: o Teachable permite que você utilize outras plataformas de pagamento. No meu caso após outra madrugada perdida o Stripe deu conta do recado e segue funcionando até hoje. O FPA (meu primeiro curso) foi lançado em janeiro de 2018 e segue funcionando até hoje, sem grandes percalços. A conexão entre o Stripe e o Teachable é bem simples de se fazer. Talvez você engasgue um pouquinho, caso não tenha noções básicas de tecnologia (e de inglês), mas com a ajuda do suporte é bem tranquilo. Com isso você já tem a base:

— O Teachable como plataforma de e-learning: é aqui que eu fiz o upload de todas os vídeos, textos e apresentações que fazem parte dos cursos (ah, só para citar, os dois cursos estão hospedados em uma conta do Teachable só, o que é ótimo)

— O Stripe como plataforma de pagamento: é o Stripe que processa os pagamentos solicitados pelo Teachable. Um exemplo grosseiro: é no Teachable que as informações estão armazenadas, é “ele” quem sabe que no dia 10 tal pessoa tem que pagar uma parcela de R$ 100,00, então ele dispara um pedido ao Stripe, que tem conexão com as bandeiras de cartão e gerencia essa requisição.

Acaba ficando bem simples e transparente.

Plataformas de apoio

Aqui o céu é o limite, mas eu tentei manter a coisa enxuta e razoavelmente barata.

#1 - Mailchimp: é a ferramenta de email marketing que eu utilizo. É a maneira mais confiável e segura de estar em contato com as pessoas, e acabou se tornando uma das principais ferramentas de divulgação dos cursos. É muitíssimo intuitivo. A maior parte dos textos que você está vendo em meu site foram, inicialmente, enviados para as pessoas que acompanham minha lista de email. Me custa 75 dólares por mês (por conta do tamanho da lista).

#2 - Zoom: é a ferramenta de videoconferência que eu utilizo para oferecer consultorias individuais e também para tocar os plantões que eu ofereço aos alunos a cada 15 dias. Considero os plantões a parte mais importante do programa. É um espaço para a troca de dúvidas, e torna a experiência do aluno muito mais pessoal. Me custa 15 dólares por mês.

#3 - Calendly: é uma ferramenta para gestão de calendário, que eu utilizarei para que os alunos agendem as sessões de consultoria individual. Se eu precisasse organizar minha agenda com a agenda de cada um dos alunos eu ficaria maluco, então o Calendly cuida dessa gestão, é bem prático. Custa 10 dólares por mês.

#4 - Squarespace: é onde hospedo meu site, mas também é onde eu criei uma pequena base de conhecimento, com as perguntas que são respondidas durante os plantões. Já são quase 100 perguntas e respostas, que eu gravo através do Zoom (#2), durante os plantões, e em seguida recorto e categorizo. Pago 25 dólares por mês.

Criei uma nuvem de tags com as categorias, dessa forma, os alunos que querem assistir as respostas sobre investimentos, por exemplo, conseguem se localizar, é bem legal.

Criei uma nuvem de tags com as categorias, dessa forma, os alunos que querem assistir as respostas sobre investimentos, por exemplo, conseguem se localizar, é bem legal.

E todo o resto?

Pensando em logística e tecnologia, é só.

A produção cuidadosa dos vídeos foi feita pelo Rafael (Fiel, para os íntimos), amigo mineiro, cujo trabalho eu não poderia recomendar mais – peça o contato dele para mim, caso se interesse.

O design (bem simples, sem muitas estripulias) foi feito por mim, com um aplicativo bem bobinho para edição de imagens e conhecimentos rudimentares em HTML e CSS.

A divulgação foi bem orgânica, sem compra de mídia, da maneira mais pessoal possível. No lançamento do Dinheiro Sem Medo, por exemplo, eu entrei em contato com 160 pessoas que estavam interessadas, uma a uma, por email e por telefone. Funcionou bem, as vendas aconteceram, as pessoas foram escutadas e eu levantei algumas dezenas de pontos para serem aprimorados em todo o processo.

A ideia de oferecer uma sessão de consultoria individual para cada aluno, por exemplo, veio daí.

É isso, pessoal, espero que a leitura tenha sido útil.

E agora chega de falar de tecnologia, marketing e internet, e vamos voltar para o assunto de sempre → www.amuri.com.br/textos.

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eduardo antunes