A melhor vida que seu dinheiro pode proporcionar
Essa frase é um tema chave do episódio que publiquei hoje, do uma horinha sobre grana, meu podcast – contei com a participação mais que especial do Fred Marques, amigo querido e consultor financeiro, e eu adorei o resultado, vocês podem acessar clicando aqui.
É uma frase realmente interessante.
Não porque a considero impecável, redondinha ou esclarecedora, mas porque ela não se resolve. Ela é incompleta, simplista e, por consequência, abre margem para ponderações – e isso é maravilhoso.
Veja, por um lado, o dinheiro pode assumir um papel acolhedor, de suporte, amparo, provimento. É uma espécie de corrimão, um apoio para as demais esferas, uma pequeníssima certeza fajuta de que determinadas necessidades – ou afagos – não vão faltar.
Por outro, qualquer um que já comeu uma saca de sal na vida sabe que existem questões que não se resolvem com dinheiro, confortos que não são compráveis, vazios que não se preenchem.
Sendo assim, por mais que seja válido buscar os melhores arranjos possíveis dentro da quantidade finita de recursos que estão na mesa, é bem importante lidarmos logo com essa verdade dolorida: uma vida financeira organizada com prioridades bem definidas não é garantia de uma existência feliz.
"Ai, Amuri, que pessimista, é muito melhor ter problemas sendo rico tomando drinks em Paris do que passando perrengue no Brasil..."
Sim, isso é indiscutível. Mesmo lidando com a subjetividade dos estudos acadêmicos produzidos até hoje, podemos afirmar que a disponibilidade de grana – até certo ponto – se relaciona com nosso bem-estar.
Mas é importante não tratarmos correlação como causalidade.
O auto-julgamento de uma vida satisfatória sofre influência, sim, do montante que temos na conta bancária, porém isso não significa que ter uma conta gorda, de alguma forma, nos assegura esse resultado.
Em um primeiro olhar, talvez soe meio triste, niilista, mas na verdade é bem bonito. É uma extrapolação, uma abertura para a falta de controle ou garantias.
Já pensou que tragédia seria se nossa percepção acerca da "vida boa" ou da "vida ruim" fosse reduzida à quantidade ou gestão desse recurso abstrato e meio maluco que a gente chama de dinheiro?
Nota do autor: Este texto foi originalmente publicado em minha coluna no Valor Investe, projeto do jornal Valor Econômico.
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